Apenas um lugar para a gente pensar junto...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Aprendendo com os Reis Magos


Examinando as Escrituras encontramos a seguinte narração quanto à visita dos Reis Magos ao menino Jesus, por ocasião de seu nascimento:
"1 E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, 2 Dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo."

Enquanto examinando a mídia em geral encontramos a seguinte narrativa em relação ao Natal:
"1. Natal gordo
Segundo especialistas econômicos nacionais as vendas deste natal devem superar o ano anterior em cerca de 20% causando um equilíbrio econômico
em comparação aos anos anteriores, e assim o comércio se preparará para o Natal mais gordo dos ultimos 10 anos, com mais de 100 bilhões de reais sendo aportados na economia nacional através dos pagamento do 13º salário e da oferta de crédito aos consumidores. As grandes lojas e magazines já aumentaram seus pedidos em 20%, e as maiores encomendas são por emetrodomésticos, pelos eletrônicos e itens de informática, especialmente o notebook, que deve ser a grande febre deste Natal, apostam os lojistas.
2. Em 2009 as vendas natalinas deverão ser 30% maiores que em 2008, alcançando 1,63 bilhão de reais."

Daí surgem perguntas inevitáveis: 1) Estamos nos referindo ao evento citado acima das Sagradas Escrituras? 2) Será que um marciano nos visitando conseguiria associar a data referida aos eventos e expectativas comerciais que a precedem? Creio que alguma coisa não está encaixando.
A narrativa dos Reis Magos é única na Bíblia. Só Mateus a faz. Poucos detalhes nos chegaram e a maioria deles é fruto da tradição cristã. Por exemplo, não sabemos quantos personagens eram ou mesmo se eram reis. Fala-se em três, numa possível alusão ao filhos de Noé (Sem, Cão e Jafé), talvez para englobar todas as raças humanas que daí vieram. Também lhe foram dados nomes: Melquior, Gaspar e Baltazar, que corresponderiam aos reis da Pérsia, Índia e Arábia, respectivamente, ainda na mesma intenção de englobar toda a Terra conhecida, que teria ido ao encontro de Jesus.
Contudo, qual teria sido a intenção do evangelista ao detalhar essa história?
Tenho certeza que pra ele foi importante mencionar uma estrela que os guiava até o local onde estava Jesus para que lá pudessem adorá-lo. Hoje me pergunto qual dos símbolos natalinos nos guiam: um velho gordo? um pinheiro?... Outro dado importante é para onde nos guiam. Ao shopping? uma liquidação?... E para adorar o quê?
Os magos levaram presentes: ouro, incenso e mirra, que simbolizavam a realeza, a divindade e a humanidade do menino que nascera. Mas o que significa ou simboliza o nosso Natal hoje? Qual presente entregamos ao "recém-nascido"?

Sem dúvida já não falamos do mesmo evento. Este não é mais o Natal do Nosso Senhor Jesus!
E se o natal já não representa o nascimento de Cristo. Se os símbolos atuais não nos guiam mais a Deus. Se os presentes não são mais uma manisfestação de reconhecimento ao papel salvador que teve. Se em nada agora há pistas de adoração a ele, a quem deve ser? Não é de se estranhar que a frase dita pelas miríades celestiais por ocasião de seu nascimento esteja tão longe da realidade atual (Lc 2:13,14):
"13 Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo: 14 Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade. "
Em um mundo sem Deus, uma existência sem paz!

Tenho a consciência, e lamento por isso, que mudar o mundo e o seu “natal” com seus valores e sua cultura fútil e consumista é impossível a um só, mas o nosso natal, o meu e o seu, nossa comemoração do aniversário de nascimento de Cristo pode e deve ser mudado, tendo por guia o modelo dos Reis Magos.
Minha oração é que Deus nos ajude a resgatar na nossa história os reais valores, o verdadeiro significado e a suprema importância do nascimento de nosso Salvador, como muito mais do que uma ocasião onde o comércio consegue recuperar seu ano de pífio faturamento ou concretizamos nossos sonhos de consumo, pela compreensão do apoteótico início de uma grande história de amor de Deus por nós, culminando na morte de seu Filho para nossa salvação.

Feliz Natal de verdade!!!!

sábado, 21 de novembro de 2009

Discurso de uma atéia das Religiões

Fui educada num lar religioso. Desde o princípio sempre me ensinaram a crer em uma divindade. Associaram a ela a minha vida: minha paz, felicidade, saúde, segurança... tudo enfim.
Aos poucos fui crescendo e dissociando os fatos da vida à existência do Sagrado. Já não podia acreditar porque outros acreditavam. Fiz minha busca pessoal. Peregrinei entre muitas religiões e algo me despertou a atenção: como pretensa re-ligação ao Sobrenatural, a religião se perde nas manifestações que em nada representam essa tentativa.
Um dia, enamorei-me do Islamismo. Sua valorização cultural é primaz. A forma como surgiu para unificação de um povo merece elogios. Mas, não entendi uma Jirad, o terrorismo, o massacre contra aqueles que não são seus pares; a supervalorização masculina em detrimento das mulheres. E tudo sob a aprovação de Alá.
Em outro momento o budismo também me encantou. Os princípios ensinados pelos monges são belíssimos. Seu silêncio, seus cantos monossilábicos... O caminho do meio como o mais harmonioso e equilibrado e que deve sempre ser buscado. Mas não entendi a fuga da realidade na meditação em mosteiros tão longínquos. O carma que castiga àquele que nem sabe pelo que está expiando; e uma divindade impessoal e que não ouve aos meus apelos se eu não fizer por onde.
Também já me fascinei com o hinduísmo. Suas cores, suas nuanças, seus aromas e todo o seu misticismo atraem a todo aquele que se inebria com os elementos que retratem o sobrenatural. Mas não entendi os seus milhões de deuses; a preservação de um grupo de pessoas “especiais” na mesma medida do desprezo a outros; e a convivência da bomba atômica e de tantos nobéis com a fome e a extrema pobreza.
Ouvi ainda falar das manifestações afro-religiosas com seus rituais e danças, mas não entendi sua interação com o mal, seus sacrifícios e suas oblações; ou ainda do Espiritismo, com sua ênfase a boas obras, mas me recusei a entender as inúmeras reencarnações pra um dia se chegar ao Bem supremo.
Por último, busquei a religião Cristã. Um deus barbudo, de vestes brancas, que me leva para o céu se eu for boazinha a mim foi exibido. Um deus de recompensa pelos bons atos; de rezas e de promessas; de dias santos e de esmolas. Mas, não entendi as cruzadas; o fundamentalismo que discrimina e mata; a inquisição que mandou tantos à fogueira; a intolerância dogmática aos que estão marginalizados; o legalismo que separa e oblitera a comunhão. Não entendi também a crueldade das nações ricas ditas cristãs na indiferença as mais pobres e na preservação conveniente do abismo social que há entre elas. Tudo isso em nome desse deus.
Assim, desisti da religião.
Hoje sei que mais que religião o mundo precisa de amor. Um amor que faça a diferença; que se escandalize com a injustiça; que escute o clamor do desvalido; que lute a causa do aflito; que una os diferentes; que supere a distância dos credos; que transforme o substantivo num verbo e que ande de mãos dadas com a paz.
Hoje não quero religião. Conheci alguém que viveu assim, conheci Jesus. Quero, então, fazer da atitude dEle, que deu a vida por mim, a razão pra que eu continue a viver. Fiz minha opção: sou “atéia das religiões”; mas também uma amante da vida e uma sonhadora de um mundo que pode ser bem melhor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Manias Espirituais


Gostaria de saber como surgiram certas "manias" evangélicas. Gostaria também de saber porque elas se alastram como fogo em pólvora e tomam conta das igrejas, sem o mínimo de espírito crítico apenas pelo ar de sacralidade. Vejamos:
1. O que quer dizer a alcunha "música do mundo" dada a algumas categorias musicais? Isso porque, primeiro, tudo que qualquer pessoa faça, independente de ser de igreja ou não, tem como palco de criação este mundo, ou seja, esse planeta, ou será que há algo feito noutro mundo ou noutra dimensão espacial? Certamente não se foi feito por seres bípedes da espécie Homo sapiens, afinal, que eu saiba, não há assombrações compositoras. Contudo, por outro lado, há sim músicas que louvam a Deus enquanto outras não. E qual o critério para essa divisão? É só analisar a intenção por trás de cada letra. Mas que fique claro que não é preciso que tenha o nome de Deus ou que fale em "evangeliquês" para que seja de louvor. A própria Bíblia é uma prova disso em sua simplicidade. O livro de Ester atesta isso. Ele não cita o nome de Deus, mas é sagrado. Se uma música enaltece a alegria, o amor, a natureza, a vida, sem deturpar o sentido da criação ou diminuir a dignidade da nossa existência, foi feita no mundo mas não é mundana, portanto louva a Deus, que é o Pai de toda a Criação.
2. Também não entendo porque há "coisas ditas espirituais" e outras tantas que não são, porque, ao meu modo de ver, se todos os que se converteram são templo do Espírito Santo, habitação do Eterno, tudo o que está relacionado com esses tem conotação espiritual, porque feitas em Deus, independente do quê e de onde se está. A confusão feita é fruto da percepção errônea de que há coisas mais santas de serem feitas que outras, o que é uma bobagem. Por exemplo: vejo que alguns fazem distinção entre varrer uma casa e varrer a igreja, como se a primeira atividade não fosse espiritual, enquanto a segunda é. No caso, o que santificou a ação foi o local? E há algum lugar onde Deus não possa estar? O máximo que pode haver são coisas entendidas como eternas e outras como temporais, se considerarmos a perenidade delas, já que umas têm alcance além dessa vida, mas tudo deve ser entendido como espiritual, até quando distantes da igreja.
3. Não entendo também distinções durante o culto de celebração entre o momento de adoração e o de louvor, quando se toca mais rápido ou mais lento, porque essas duas palavras querem dizer uma coisa só. Adora-se e louva-se a Deus não apenas com alguns instrumentos ou apenas com alguns ritmos. O louvor a Deus tem mais a ver conosco do que com esses expedientes. Também, restringi-los a apenas alguns momentos da celebração é um disparate. Todo o culto é feito para louvor e adoração ao Senhor. Por isso, o convite que se faz ao final da celebração para encerrar o culto está errado, porque este deve fazer parte da nossa vida como um todo, afinal fomos criados para a glória de Deus e isso não se resume a apenas algumas poucas horas do domingo. Puro cacoete!
Só mais uma palavra. Quando em Marcos 12:30 diz: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento", entendo que até nas nossas manias precisamos usar o discernimento. Não podemos simplesmente sair reproduzindo algo de forma indiscriminada, por mais aparência de santidade que tenha. Jesus, em sua infinita sabedoria, não nos chama a abraçar a fé sob a condição de suicídio intelectual.
Se usássemos mais essa faculdade, talvez não fôssemos vistos por tantos como pessoas esquisitas e cheias de mania.






quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Cansei

Cansei dos cristos pregados nas paredes; dos cristos estampados nas camisetas sem significado prático.
Cansei dos cristos dos slogans midiáticos; dos cristos das frases ditas em novidades antigas.
Cansei dos cristos vendidos em igrejas insossas; dos cristos acesos de lugares auto-iluminados.
Cansei dos cristos usados para dar ou retirar.
Cansei...

Tenho saudade de um outro Cristo.
Do que foi pregado na cruz por muitos que não são poucos... mas, por todos.
Daquele que o que teve estampado foi o seu sangue em lugar do meu;
Do Cristo do slogan: "Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum", meu Rei, nosso Rei, que reina de fato.
Sinto a falta do Cristo da igreja de templos humanos, não manipulado, sem paredes que o limitem; daquele que é a própria Luz.
Por onde anda esse Cristo?

Certamente ausente de muitas ditas celebrações;
Distante de muitos altares e púlpitos consagrados;
Faltando a muitas reuniões santas e longe de muitas adorações.
Talvez ele esteja mais perto de personagens profanas (novos publicanos e meretrizes), ou de lugares impuros, tocando e sendo tocado por outros leprosos, cegos e maltrapilhos e sendo ovacionado por pedras que se tornaram seus filhos.

Quisera muitos igrejas pudessem vê-lo de novo. Talvez assim não houvesse mais tanta gente cansada e com saudades.



segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Meu Credo


"Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra. Pai de todos sem exclusivismos: dos puros e impuros; dos santos e não santos, porque é fonte primeira de toda forma de vida, que não pode ser gerada de outra maneira.
Creio em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, nosso Senhor. Que ama a todos, sem distinção. Filho do Pai, portanto, também, pela nossa submissão e obediência ao mesmo Pai, nosso irmão, irmã e mãe.
Creio que Ele foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao mundo dos mortos, ressuscitou no terceiro dia, subiu ao céu e está sentado a direita de Deus Pai, Todo-Poderoso, de onde virá para julgar os vivos e os mortos, segundo seu senhorio em nossa vida e pela realização de nossas obras, não exclusivamente na igreja institucional ou entre irmãos da mesma denominação, mas no mundo, que é a seara maior, para onde todos nós fomos enviados e onde devemos ser sal e luz.
Creio no Espirito Santo, que habita em nós, tornando-se verdadeiramente o Deus-conosco.
Creio na santa Igreja cristã invisível, que extrapola as paredes denominacionais, ama e aceita os diferentes sem discriminá-los mesmo que não aprove seu comportamento; não separa o joio do trigo porque não é sua função; se deixa tocar, caminha junto e perdoa setenta vezes sete, até a quem não lhe pede perdão.
Creio na comunhão dos santos, que têm em comum a aceitação de Deus em Cristo, sua justificação e acolhida amorosa. Que, como filhos pródigos que retornam ao Lar, têm, todos juntos, noção de sua pequenez e igualdade perante Deus. Igualmente alvos de misericórdia, portanto, sem distinção hierárquica ou de patente. Simples irmãos queridos em Deus.
Creio na remissão dos pecados, na inculpabilidade em Deus pelos méritos de Cristo e no resgate de nossa dignidade; na ressurreição do corpo e na vida eterna que começa agora pela implantação dos valores do Reino a partir de nós.
Amém."

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Os publicanos e meretrizes de hoje

"A coisa absolutamente imperdoável [em Jesus] não era a preocupação com os enfermos, os aleijados, os leprosos, os possessos... nem mesmo sua opção pelas pessoas pobres e humildes. O verdadeiro problema é que ele se envolveu com fracassados morais, com pessoas obviamente incrédulas e imorais: pessoas moral e politicamente suspeitas, muitas delas tipos dúbios, obscuros, abandonados, sem esperança, à margem de toda a sociedade, como travestis, bicheiros, trambiqueiros, bêbados inveterados, garotas de programa... (acréscimo meu). Este era o verdadeiro escândalo. Será que ele tinha mesmo que ir tão longe? Esta atitude, na prática, é notadamente distinta do comportamento geral das pessoas religiosas." (Por que ainda ser um cristão hoje? - Hans Küng).


De que lado estamos hoje? Acompanhando os ensinamentos de Jesus e imitando-o ou torcendo a cara e mudando de calçada ao nos depararmos com esses tipos?

Sou uma ET

De uns tempos para cá tenho me sentido uma ET no meio evangélico. Isso se deve a uma constante sensação de inadequação, como se lugar nenhum me coubesse. Mas como se sentir bem entre tantos limites e imposições crueis?
Já pensei em deixar de frequentá-la e só não fiz isso porque fui levada a crer que ali há também muitos outros inconformados como eu, que ainda teimam em acreditar, mas reconheço que essa pueril obstinação provoca muitas reações desagradáveis.
Sou uma leitora assídua da Bíblia. Tenho por hábito há anos a leitura devocional daquele livro nas primeiras horas da manhã, mas tenho a impressão que isso não tem provocado em mim algo muito bom, porque quanto mais a leio, mais inconformada fico com os moldes eclesiásticos atuais pelo choque que há entre o que medito nas Escrituras e o que ouço nos sermões.
Sinceramente, como acreditar em um Deus de tantas "senões"? Nos púlpitos escutamos as condições para conseguirmos os benefícios divinos; para sermos salvos e/ou para permanecermos com a salvação; para não sermos castigados; para não escandalizarmos o Espírito Santo; para não nos contaminarmos com o mundo... Aí pergunto: de qual Deus estamos falando? Qual a Bíblia que andam lendo? Como conciliar essas exigências com a Boa Nova da graça? Como combinar esses condicionamentos à liberdade responsável ensinada por Cristo?
Por isso, questiono quem é mais ET. Se quem tenta se infiltrar na sociedade, tentando não chamar a atenção como caricaturas extravagantes de um povo separado por Deus ou se criaturas autômatas e esdrúxulas que, pela ausência de uma leitura crítica da realidade e da Bíblia, fazem questão de viver "longe do mundo"?
Como testemunhas (At 1) sei da responsabilidade que devemos ter para os outros, mas como criaturas alcançadas pelo amor e pela graça de Deus sei também que testemunho maior é dado quando conseguimos ser notados não por esquisitices, mas por um jeito leve de viver.
Pensando bem, vou deixar de me incomodar de ser uma extra-terrestre se isso implica uma vida diferente daquela imposta por muitas pregações infantilizadas, afinal, essa igreja está da terra demais para o meu gosto.