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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Manias Espirituais


Gostaria de saber como surgiram certas "manias" evangélicas. Gostaria também de saber porque elas se alastram como fogo em pólvora e tomam conta das igrejas, sem o mínimo de espírito crítico apenas pelo ar de sacralidade. Vejamos:
1. O que quer dizer a alcunha "música do mundo" dada a algumas categorias musicais? Isso porque, primeiro, tudo que qualquer pessoa faça, independente de ser de igreja ou não, tem como palco de criação este mundo, ou seja, esse planeta, ou será que há algo feito noutro mundo ou noutra dimensão espacial? Certamente não se foi feito por seres bípedes da espécie Homo sapiens, afinal, que eu saiba, não há assombrações compositoras. Contudo, por outro lado, há sim músicas que louvam a Deus enquanto outras não. E qual o critério para essa divisão? É só analisar a intenção por trás de cada letra. Mas que fique claro que não é preciso que tenha o nome de Deus ou que fale em "evangeliquês" para que seja de louvor. A própria Bíblia é uma prova disso em sua simplicidade. O livro de Ester atesta isso. Ele não cita o nome de Deus, mas é sagrado. Se uma música enaltece a alegria, o amor, a natureza, a vida, sem deturpar o sentido da criação ou diminuir a dignidade da nossa existência, foi feita no mundo mas não é mundana, portanto louva a Deus, que é o Pai de toda a Criação.
2. Também não entendo porque há "coisas ditas espirituais" e outras tantas que não são, porque, ao meu modo de ver, se todos os que se converteram são templo do Espírito Santo, habitação do Eterno, tudo o que está relacionado com esses tem conotação espiritual, porque feitas em Deus, independente do quê e de onde se está. A confusão feita é fruto da percepção errônea de que há coisas mais santas de serem feitas que outras, o que é uma bobagem. Por exemplo: vejo que alguns fazem distinção entre varrer uma casa e varrer a igreja, como se a primeira atividade não fosse espiritual, enquanto a segunda é. No caso, o que santificou a ação foi o local? E há algum lugar onde Deus não possa estar? O máximo que pode haver são coisas entendidas como eternas e outras como temporais, se considerarmos a perenidade delas, já que umas têm alcance além dessa vida, mas tudo deve ser entendido como espiritual, até quando distantes da igreja.
3. Não entendo também distinções durante o culto de celebração entre o momento de adoração e o de louvor, quando se toca mais rápido ou mais lento, porque essas duas palavras querem dizer uma coisa só. Adora-se e louva-se a Deus não apenas com alguns instrumentos ou apenas com alguns ritmos. O louvor a Deus tem mais a ver conosco do que com esses expedientes. Também, restringi-los a apenas alguns momentos da celebração é um disparate. Todo o culto é feito para louvor e adoração ao Senhor. Por isso, o convite que se faz ao final da celebração para encerrar o culto está errado, porque este deve fazer parte da nossa vida como um todo, afinal fomos criados para a glória de Deus e isso não se resume a apenas algumas poucas horas do domingo. Puro cacoete!
Só mais uma palavra. Quando em Marcos 12:30 diz: "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento", entendo que até nas nossas manias precisamos usar o discernimento. Não podemos simplesmente sair reproduzindo algo de forma indiscriminada, por mais aparência de santidade que tenha. Jesus, em sua infinita sabedoria, não nos chama a abraçar a fé sob a condição de suicídio intelectual.
Se usássemos mais essa faculdade, talvez não fôssemos vistos por tantos como pessoas esquisitas e cheias de mania.






Um comentário:

Kenio de Souza disse...

Ótimas observações. Essas que você citou são algumas de tantas que existem no meio evangelico e entre outros. Infelizmente somos um povo herderios de uma cultura colonizada cheia de religiosidade. À aqueles que dizem viver um relacionamento e não uma religião com Cristo, mas se analizarmos a grande maioria não são livres pensadores e acabam se enchendo de religiosidade, guiados cada vez mais por intolerâncias e lideres sem formação e preparo do Evangelio. Um grande abraço e parabens pelo blog.