Diante de algumas circunstâncias percebidas essa semana, andei matutando em quantas vezes nos deparamos com situações que são completamente inexplicáveis pelo senso de justiça. Por exemplo, quem nunca se viu perplexo diante de uma morte prematura de uma existência em pleno viço? Ou de uma história claramente injusta, mas perpetuada, sem chance de mudança? Ainda outro dia escutei sobre uma moça que mal viu a vida passar porque teve que se dedicar a cuidar de seu pai até que esse morresse, em seguida passou a cuidar da mãe que logo caiu enferma de morte, e, por último,após enterrá-la, ela mesma adoeceu e morreu. Como podemos ainda encarar a realidade quando ela se mostra tão cruel e sem uma solução que nos aplane os ânimos e mesmo assim acreditar que vai dar tudo certo?
Diante de situações como essas, apenas me ocorre as palavras do apóstolo Paulo: "Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens" (1Cor 15:19), porque definitivamente de justa essa existência não tem nada. E não adianta recorrer aos céus, aos deuses, ou seja lá a quem for, porque diariamente vemos a prosperidade do mal e o insucesso dos bons; ricos corruptos gozando uma vida de benesses e pobres honestos padecendo à míngua pelo mínimo necessário.
Há um provérbio muito citado para explicar alguns eventos que nos ocorrem: "Aqui se faz, aqui se paga" ou "Quem semeia vento colhe tempestades", mas e quando somos as mais corretas pessoas que podemos ser, e, mesmo assim, somos surpreendidos por furacões que nos destroem tudo? Como ficam essas "certezas"? E quando somos os melhores filhos, ou pais, ou cônjuges, ou profissionais e nos vemos no momento seguinte vivendo um inusitado estilo de vida que alguém, por seu extremo egoísmo ou inconsequência, "escolheu" por nós? Você ainda vai querer me convencer que estou somente vivendo o que escolhi???
No entanto, vale recordar que o mesmo Paulo afirma mais adiante, dando-me a esperança que posso até não ver o resultado certo e inequívoco de uma vida reta aqui, mas que o verei depois: "Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem".(1 Cor 15:20). Há mais, muito mais, do que essa existência aqui! E isso não é escapismo ou alienação é a resposta cristã, já que não creio que seja mais justo pensar que vivo um carma de uma existência passada, por ser cruel demais ver-me pagando por algo que nem mesmo tenho consciência de ter feito - aí já extrapola meu senso de equidade. Ele ressuscitou e eu, um dia, o seguirei.
Encaremos os fatos: a vida é dura e muitas vezes injusta, sim. Nem sempre veremos o bem triunfar. Contudo, àqueles que têm a certeza de verem aqui o resultado bom e fiel de uma vida sem excessos ou de escolhas bem feitas tenho uma palavra: é melhor contar com a sorte também, mas aos demais posso afirmar: nem sempre irão colher flores, mas em Deus suas esperanças jamais serão frustradas, independente do que a vida lhes proporcionar.