Apenas um lugar para a gente pensar junto...

sábado, 26 de julho de 2008

Ser Valente

Uma frase do filme Valente me tocou de forma especial. Quando o policial pergunta à personagem interpretada por Jodie Foster como ela conseguiu superar tão rápido o trauma sofrido pelo assassinato estúpido de seu quase-esposo (eles iriam casar poucos dias antes da fatalidade), ela responde: – Não superei, me transformei em outra pessoa.
De fato ela havia se tornado uma fria justiceira. Migrou da ingenuidade de uma radialista sonhadora e romântica a uma dura e implacável crítica de uma sociedade cruel, com sangue nas mãos.
Mas, por que aquela frase foi tão tocante pra mim?
Pensando bem, acho mesmo que ninguém sai ileso de perdas. Vendo pelo ponto de vista dela, ninguém volta mais a sonhar os mesmos sonhos e a ser a mesma pessoa. Não digo que necessariamente nos tornemos pessoas piores, não é esse o ponto. Mas hoje acredito que proporcional à dimensão da perda, é gerado algo em nós que antes não existia.
Sabia antigamente que o mesmo sol que amolece a manteiga, endurece o tijolo. Hoje comprovo isso nas minhas entranhas. A matéria inicial permanece a mesma, mas a consistência é alterada. Em alguns casos, o resultado final é uma completa incógnita, só o tempo dirá.
No filme aquela mulher não se torna apenas uma assassina, ela perde o viço de existir, o prazer do belo, a vontade de viver... Por isso matar torna-se tão banal. Seu sofrimento não azedou exclusivamente uma parte de si. Ele não fez concessões.
Minha esperança é que nossa vida, na medida em que nos matura com seus altos e baixos, não nos permita perder a dulcilidade e que mesmo as dores mais imprevisíveis e aparentemente insuperáveis, não nos roube a esperança de fazermo-nos sempre um pouco melhores.
Certamente deixamos de sonhar os mesmos sonhos, mas não a capacidade de sonhar (como disse um amigo meu).
É o mínimo que merecemos.

Ana Valéria

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Mundo Adulto

Hoje fui invadida por sentimentos peculiares. Observando umas crianças que brincavam numa praça bem à frente de onde eu estava, tive uma saudade danada de subir em árvore. Nem sabia como na época isso me fazia bem até ver uma garotada subindo hoje pela manhã. Senti uma doce e melancólica nostalgia.
Lembrei-me da criança que fui e de como eu me sentia feliz "derrubando" troncos. Lembrei-me da alegria que dava o estar desbravando a altura e o prazer do desafio alcançado.
Lembrei-me com gozo na alma da emoção de me ver lá em cima em meio às folhas e, ao olhar pra baixo, conferir orgulhosamente o "caminho" percorrido até ali.
Fiquei com inveja daquelas crianças, uma doce inveja.
Imagine, eu, uma adulta, ao observá-las por trás de uma vidraça de onde trabalho, pensando que certamente elas nem sabem, como eu também não na mesma época, como são livres. Talvez não sejam donos do próprio nariz, nem possam dormir a hora que bem entendem, ou ainda não possam ir e vir de onde quiserem sem ter que dar satisfação a ninguém, como eu posso, mas o que é tudo isso frente a inocência que se vai de não se sentir feliz independente dessas coisas?
Mais certa está uma deficiente mental obesa e desalinhada que passou por mim esta manhã com um sonoro sorriso gratuito. Se é pra crescer sem poder sorrir a todos sem motivo aparente nem sentir-se livre mais com tanta facilidade, qual a vantagem afinal do mundo adulto e dito normal?
Hoje mando em mim, faço o que bem entendo, mas daria tudo só para poder ter de volta o sentimento de liberdade e alegria de outrora com tão pouco ou quase nada.

Ana Valéria

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Esses crentes e suas manias

Pra sair bem na fita os crentes vão criando algumas adaptações que se não são completamente antagônicas ao texto bíblico são, no mínimo, sem sentido. Eis algumas delas:
Jesus disse: "Quando fores orar entra no teu quarto, fecha a porta e teu Pai que vê em secreto..."
Adaptação contemporânea: "Quando fores orar fecha os olhos, começa a se balançar pra frente e pra trás, elevando a ponta dos pés, estala a língua, emposta a voz e diz: oh, Senhor..."

Jesus disse: "Os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e em verdade..."
Adaptação contemporânea: 1.Os verdadeiros adoradores são os que fazem um curso de uma determinada igreja...
2. "Só há adoração se se levantar as mãos, fechar os olhos e houver o acompanhamento de uma suave música."
3. Na ordem do culto tem que vir primeiro o louvor e só depois a adoração."

Jesus disse que estaria conosco até a consumação dos séculos e que nunca nos abandonaria.
Adaptação contemporânea: No início da oração dizer: "Senhor, entrando agora em Sua presença..." E o próximo a orar acrescenta: Continuando ainda em Sua presença..." Aí eu pergunto: E depois de orar se sai da presença de Deus????

Só pra gente pensar.
Beijão.

Nota de Esclarecimento

A todos quantos possa interessar:
Eu estava sem pc, meu povo, por isso fiquei sem postar por algum tempo, mas voltou tudo ao normal e em breve estarei com mais algum texto. Beijão a todos.