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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Um Deus "pouco ortodoxo" (parte II)

É surpreendente como um Deus imprevisível nos apavora. Isso porque lidar com algo que não segue roteiros predefinidos nos deixa sem o controle da situação, roubando o chão que pisamos. É muito mais fácil estabelecer limites, regras, etc, que deter o Imponderável. No entanto, muitas vezes só se percebe tardiamente que, como fumaça entre os dedos, manter Deus dentro de fronteiras é buscar o insucesso ou a frustração.
Contudo, isso é o que acontece na relação de muitos com Ele: teimam em aprisioná-lo nas páginas da Bíblia ou entre paredes institucionais ou acuá-lo a regras e preceitos devocionais de uma instável religiosidade. Pura quimera! Em tais casos, foi-se a glória de Deus.
Por outro lado, Deus é mais "previsível" que supõem algumas mentes mais exigentes. Ele está sempre a favor da vida em sua plenitude, mesmo que isso signifique "desviar-se" de muitos padrões rígidos devocionais - lição clara dada por Jesus.
Deus não tem religião, nem é religioso. Não segue catecismos nem credos humanos. Ele extrapola qualquer preceito. Não fosse assim não seria Deus. Mas o problema está justamente nisso: querer saber quem Ele é, desde que conhecimento seja poder. Cabe a nós nos redimir a pequenez que nós é permitida.
É pouco a sinceridade religiosa de intenções. Seguir a Deus é mais do que supõe nossa vã filosofia piedosa, para desespero de alguns. É deixar-se guiar por uma doce "imprevisibilidade" maior que nossa necessidade de compreensão. É, sim, estabelecer como meta a vida e a dignidade própria ou de outrem, como louvor à sua criação, e não escandalizar-se com Sua "irreverência" que permite colocar sempre a vida em primeiro lugar.

Ana Valéria

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