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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Religião se discute sim!


"Futebol, religião e política não se discute". Já ouvi essa frase inúmeras vezes, mas questiono qual a intenção de quem a usa. Será uma maneira de dizer que simplesmente não se interessa pela opinião alheia, ou uma forma velada de se esconder atrás das palavras, temendo descobrir que está errado, pondo em prova suas convicções, ou mesmo só o "papaguear" de uma frase estéril de um aparente esclarecimento?
Seja como for, entendo essa frase mais como uma ideologia bem própria da nossa época, principalmente no que diz respeito a Deus.
Nos tempos bíblicos, falar sobre religião, ou seja, falar sobre Deus, fazia parte do cotidiano das pessoas, porque tudo tinha explicação a partir dEle. Se chovia ou não, se a família era grande, se a economia estava bem, se a nação estava segura... enfim, tudo tinha Deus como fundamento intrínseco.
Hoje, acredito que fruto da própria "evolução" tecnológica, Deus não faz mais parte dos contextos do dia. Se o assunto é chuva a meteorologia tem a resposta - nem que seja atrasada; se a família não cresce, há opções artificiais de reprodução; se o assunto é economia provavelmente vai estar relacionado a algum plano de governo - ou a falta dele; e quanto a segurança da nação existem estratégias militares de defesa com esse propósito, por isso Deus se tornou um assunto secundário.
Pior pra nós. Hoje, Deus tem mais a ver com assunto de fanáticos religiosos alienados que com as respostas às questões existenciais próprias de qualquer ser humano, indepente da época em que viva. Excluímos Deus daqueles setores, mas também o eliminamos da nossa vida.
A tecnologia acelerou processos, facilitou o deslocamento, aproximou distâncias, mas não trouxe sentido à nossa existência, não nos fez melhores como gente, nem mais humanos, mais generosos. Onde está a evolução então?
Religião não apenas se discute, como sua discussão deveria ser constantemente estimulada. Não há respostas fora dela. Discussão não como forma de persuasão, proselitismo ou imposição fanática de uma religião sobre outra, e sim como uma maneira de encontrar solução aos nossos conflitos interiores.
Perdemos nós com essa visão departamentalizada da vida, como se fôssemos um conjunto de partes que mal estão coladas. Não há como nos fracionar em pedaços de interesses distintos. Somos um inteiro, portanto, Deus faz parte da gente.
Essa visão pobre dos tempos atuais é a prova da fragilidade de um sistema que, à custa de uma ideologia, faz a opção por nós, impedindo a construção do que há de mais valor ao ser humano, impondo-nos uma vida sem razão.

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