Apenas um lugar para a gente pensar junto...

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Porque não assisto à propaganda eleitoral

É verdade, não assisto ao programa eleitoral gratuito. E antes que você me tenha por alienada política, quero deixar bem claro que é justamente por eu não ser que exerço esse meu direito.
Não sou obrigada a suportar tanto absurdo junto. Em doses homeopáticas, como durante a programação paga da TV ou do rádio, ainda é digerível, mas de uma vez só me dá náuseas.
Desisti de me orientar através desse meio porque ali só tem desinformação, pouquíssima coisa corresponde à realidade. E isso é fácil de ser entendido, afinal, a lógica deles é única: ninguém vai falar mal de si mesmo. Portanto, só vemos mocinhos e mocinhas, todos de excelente caráter e "ficha limpa", trazendo para si a responsabilidade de salvar a nossa nação.
De que adianta perder meu tempo testemunhando tanta promessa, simpatia, tanto sorriso, apertos de mão e compromissos que se resumem a apenas alguns meses antes das eleições?
Fica aqui meu protesto pelo que estão tentando fazer conosco: uma imbecilização coletiva por crerem cegamente que enganam a todos.
Acredito que deveria haver, pelo menos, respeito à nossa inteligência, mas isso também é fácil de se entender: respeitar por quê se o critério de avaliação usado para o voto exige simplesmente pouco esforço intelectual e muito photoshop?
Diante do que se vê, meus parabéns ao Tiririca por sua honestidade, já que afirma não saber o que vai fazer no Congresso, mas mesmo assim acredita ser capaz de nos representar. Realmente ele é o ícone do que aconteceu com a nossa política: tranformou-se em um grande circo! Ele é apenas o resultado do que existe hoje. Só discordo de seu slogan porque acredito que pior ainda pode ficar.
Incomodada com isso tenho me perguntado o quanto de omissão cometemos por vermos tudo isso e não fazermos nada. Por que damos espaço pra que tanta gente comprometida apenas consigo mesma se candidate e, a custa dos meios mais escabrosos possíveis, se eleja? É certo que em uma democracia qualquer um pode se candidatar, mas daí a qualquer um chegar lá...
Martin Luther King Jr disse certa vez: "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons". Talvez esteja mais do que na hora de sairmos de nosso protesto infrutífero. Talvez seja a hora de descermos de nossa tribuna estéril; de nosso camarote como meros espectadores.
Conclamo um repensar, um arregaçar de mangas, para que certamente dessa forma tenhamos, logo mais adiante, não mais um desfile de excentricidade, mas opções dignas e menos palhaços em quem votar.

Nenhum comentário: