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quarta-feira, 25 de maio de 2011

Racha no Evangelho

Há poucos dias mais um racha aconteceu na já combalida Igreja Betesda. Alguns pastores afastaram-se definitivamente com suas congregações (de forma sorrateira) daquela que lhe servia de ancoradouro. Lamento o ocorrido, nem tanto pelo afastamento, porque acho que algumas dessas já não faziam parte há muito tempo da igreja-mãe, mas pela forma como aconteceu.
Segundo cogita-se, o que teria levado a isso foi a entrevista do Pastor Ricardo (presidente nacional da Betesda) à revista Carta Capital, em que posicionou-se a favor do reconhecimento da união civil de homossexuais.
Como disse uma amiga minha, a reação foi intensa por ter mexido nos preconceitos de muitos, já que nem todos sabem lidar com eles. Contudo, questiono qual o maior prejuízo: se reconhecer como legítimo o que o STF já referendou, evitando assim injustiças a inúmeros cidadãos e cidadãs pagadoras de impostos, portanto com todos os direitos civis a serem resguardados, ou achincalhar o nome de um líder cristão na medida em que deturpam a sua palavra, fazendo-o cheirar a enxofre por divergência de opinião?
Homens e mulheres merecem ser respeitados, independente, inclusive, de sua orientação sexual, é o mínimo que se espera de cristãos. Morro de vergonha quando penso que rebuliço semelhante deve ter acontecido quando na aprovação da lei do divórcio e hoje convivemos muito bem com pessoas nessa situação, reconhecendo suas peculiaridades!
Quando a Igreja vai amadurecer e aprender a separar as coisas? Quando vai compreender que vivemos em um país laico e que assumir posições radicais desse tipo apenas reforça o estereótipo de que ela é retrógrada, conservadora, antipática e pouco dada ao diálogo com aqueles que não compartilham de suas respostas prontas?
Reconheço que um assunto como esse merece uma reflexão, mas acredito que pior do que mostrar-se compreensivo quanto a ele, é sair na surdina, carregando o patrimônio da congregação nas costas, deixando os desavisados a indagar-se onde fica o tal enorme amor de Deus principalmente nessas horas.
Com certeza não era isso que Jesus tinha em mente quando idealizou nossa missão evangelizadora.

Ana Valéria
Em tempo: aos interessados, segue abaixo o link da entrevista do Pr. Ricardo:
http://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-pastor-herege



Um comentário:

Jackie Kauffman Florianopolis-SC disse...

Ah Valeria....Estou cansada de palavras bonitas e atitudes que derrubam estas mesmas palavras...Não quero me tornar ácida, nem perder a ternura, mas a cada dia que passa, penso que terei mais cuidado para escolher meus amigos.Escrevi um texto sobre essa guerra e recebo cada tipo de comentário que não vale a pena nem citar. Belo texto..bjs