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sexta-feira, 6 de maio de 2011

A morte de uma geração

Oito estampidos rasgaram a alegria contumaz da noite. E um corpo registrou o fato. Então, vi mais que um quase-cadáver, agonizante, vi o retrato de uma geração incipiente, porém arfante, cega por seus não-valores.
A morte é sempre estúpida, é certo. Não há uma sequer que seja bem vinda, ainda mais quando parece um furto: em um segundo leva o que não era seu. E estando em pleno viço o que ela extinguiu?
Mais um jovem foi-se. E, quase gelado - abertos só os olhos arregalados daqueles que o assistiam - esvaia-se, tingindo a aura até há pouco pulsante, calando planos.
Nós estupefatos: Era verdade? Testemunhamos a brutalidade de uma geração que se autofage? Foi isso mesmo?
Quantos ainda vão morrer? Quantos e quantas ainda vão chorar - não por lamentação à vida que escolhera o que tinha por certo esse fim, mas como alimento à vingança que precisava de urgência - para que essa guerra sinalize uma trégua? Quando isso vai acabar?
Já não há mais jovens que se divertem com sua própria condição de recém-despertados para a vida. Já não há mais juventude. Há homens velhos e embrutecidos em mentes imaturas e corpos rijos, sem mais brilho nos olhos, sem mais paixão ao simples existir, pela constante exigência de prevalecer e ser tendo, custe o que custar.
Uma geração se vai. Lamentavelmente, uma geração morreu!


Ana Valéria (professora da EEFM Joaquim Alves)

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