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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Uma Batalha Quixotesca

Cansei, esgotada da vida recheada de moinhos. Quero encostar a lança e o escudo e apenas chorar.
Estou cansada dos golpes dados a ermo sem nada alcançar, enquanto vejo-me atingida, mais rápído do que posso me defender.
De que adianta um bronze mais polido e uma ponta mais mortal?
De que adianta enfrentar o inimigo se já nem sei mais quem é?
De que adianta mais uma estratégia aprendida se a próxima ainda não dominei, ficando sempre a um passo atrás?
Não há justiça onde se espera, nem dignidade entre os iguais.
A credulidade apenas amacia a carne para os predadores em uma utopia de mudança reservada aparentemente aos ingênuos. As estruturas são mais sólidas, não se desfazem sob golpe repetidos.
Ceguei!
Onde estão todos? Estremeço ao ver uma plantação de trigos iguais, podadas na altura certa, sem espiga; desumanizada.
É triste ver o resultado: ao vento, balança de forma sincronizada, obedecendo estéril.
Quero só me recostar. Preciso me recostar senão padeço por inanição.
Não há como remendar. O pano velho se rasgaria. E pranteio. Olhos ressequidos, armadura largada.
Quixotescamente falando, não há solução.
E sobre zumbis passeiam os que se beneficiam do caos.
Tem misericórdia, meu Deus, e faz soprar o teu vento que um dia derrubou muralhas e ergueu ossos antes secos.
Não sou Dom Quixote, carente de juízo. Os moinhos serão sim destruídos. Disso eu tenho certeza. E voltarei a lutar!

Ana Valéria

2 comentários:

Unknown disse...

Lindissimo texto,muito intimista e cheio de reflexoes...Sim, está cumprindo a promessa de produzir um texto por semana e continuar aumentando sua pleide de leitores entre os quais eu me incluo como um dos mais devotados aos seus textos.

Ivo disse...

Valéria? Ana Valéria Moraes Alves? STF 1992? É você mesma? Que coisa. Quanto tempo. Manda um e-mail pra mim. Seria bom falar contigo. ivo.morais@caixa.gov.br