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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Mundo Adulto

Hoje fui invadida por sentimentos peculiares. Observando umas crianças que brincavam numa praça bem à frente de onde eu estava, tive uma saudade danada de subir em árvore. Nem sabia como na época isso me fazia bem até ver uma garotada subindo hoje pela manhã. Senti uma doce e melancólica nostalgia.
Lembrei-me da criança que fui e de como eu me sentia feliz "derrubando" troncos. Lembrei-me da alegria que dava o estar desbravando a altura e o prazer do desafio alcançado.
Lembrei-me com gozo na alma da emoção de me ver lá em cima em meio às folhas e, ao olhar pra baixo, conferir orgulhosamente o "caminho" percorrido até ali.
Fiquei com inveja daquelas crianças, uma doce inveja.
Imagine, eu, uma adulta, ao observá-las por trás de uma vidraça de onde trabalho, pensando que certamente elas nem sabem, como eu também não na mesma época, como são livres. Talvez não sejam donos do próprio nariz, nem possam dormir a hora que bem entendem, ou ainda não possam ir e vir de onde quiserem sem ter que dar satisfação a ninguém, como eu posso, mas o que é tudo isso frente a inocência que se vai de não se sentir feliz independente dessas coisas?
Mais certa está uma deficiente mental obesa e desalinhada que passou por mim esta manhã com um sonoro sorriso gratuito. Se é pra crescer sem poder sorrir a todos sem motivo aparente nem sentir-se livre mais com tanta facilidade, qual a vantagem afinal do mundo adulto e dito normal?
Hoje mando em mim, faço o que bem entendo, mas daria tudo só para poder ter de volta o sentimento de liberdade e alegria de outrora com tão pouco ou quase nada.

Ana Valéria

2 comentários:

Anônimo disse...

Que bom que eu sou normal! Já estava ficando assustado com a frequência com que tenho esses surtos nostálgicos.

Às vezes acho muito chato ser adulto. Essa coisa de ser sempre responsável, comedido, comportado. E esse menino que bole comigo? E essa vontade danada de subir numa árvore, ou coisas equivalentes?

Se você conseguir fazer essa troca, por favor me avise. Acho que poderemos pular corda, amarelinha, soltar pipas, jogar pião...

Um beijo carinhoso,

Allison

Wendel Cavalcante disse...

Agora eu lembrei de uma música que o meu pai canta:" eu daria tudo o que eu pudesse pra voltar aos tempos de criança...".
Mas o tempo é assim mesmo, como uma linha que desenrolamos do carretel e temos que ir tecendo a vida.
E hoje, a criança que resiste a tantas responsabilidades e pressões do mundo adulto, não se incomoda de “arengar” comigo quando paro de dizer que “a vida é bonita, é bonita, é bonita!”
Abração, Valéria!