Apenas um lugar para a gente pensar junto...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

sábado, 20 de agosto de 2011

O Deus em que creio


A cada dia que trilho a via que me levará ao encontro com meu Criador vejo que a minha ignorância com relação às coisas eternas aumenta. Isso porque o conjunto de paradoxos que a contemplação de Deus me traz só faz aumentar e me deixa cada vez mais perplexa. Ela vai se magnificando como um aparente quadro de contradições que me convida a abrir mão até da “sensatez” em nome de algo que extrapola minhas percepções mais “fiéis”. Algo até sem sentido, mas de uma profundidade gigantesca tanto quanto plenamente alcançável até pela mais simples das pessoas. Deixa eu ver se me faço entender:
Creio em um Deus que se faz presente em todas as situações, mas que é também intangível, inaudível e invisível;
Creio em sua misericórdia que me torna alguém merecedora mesmo que eu não mereça nada e alguém digna de seu olhar enquanto divide sua atenção com a manutenção do brilho das estrelas mais longínquas;
Creio no seu amor infinito que traz a reboque um cuidado constante comigo na mesma medida em que me deixa livre para dar minhas próprias cabeçadas;
Creio que não há outra maneira de guiar a vida que sendo guiada por Ele, sem que isso signifique perda da autonomia ou passividade diante do que nos ocorre, mas também sem me isentar da responsabilidade de minhas próprias decisões;
Creio que só se pode ter fé quando se abre mão de saber de tudo, conhecer tudo, ver tudo... e ainda descansar nisso;
Creio em um Deus inteiramente outro, mas que se faz próximo, ao meu lado, e que se faz tão distante que não posso conhecê-lo completamente;
Creio ainda em um Deus que está além de tudo que eu possa vasculhar, tão maior do que eu possa reter e tão profundo que eu possa alcançar, mas que me ama independente das limitações que tenho.
De fato é grande minha ignorância, minha lista de “creios” poderia se estender bastante, mas essa falta de conhecimento não me sufoca ou me envergonha, apenas me deixa extasiada diante do Incomparável.
Assim, limito-me a simplesmente reconhecer que por não saber, sei nele e que justamente por ser ele muito maior do que eu possa conter ou conceber faz-se dessa forma ser Deus – o meu poderoso Deus.
Ana Valéria


(Texto publicado em um blog meu, anterior a este: http://avmoraes.blogspot.com)